domingo, 20 de fevereiro de 2011

Bem sem saber




Existem pessoas que provocam o bem sem saber, e talvez por não saberem o tamanhão de todo o bem que fazem, são encarregadas por essa tarefa durante uma vida inteirinha. Existem pessoas que provocam sorrisos de graça, sorrisos que lembram um fim de tarde fresco em um jardim qualquer. Existem pessoas que trazem de volta a felicidade quando, no momento, ela parecia não mais existir. Nem ali, nem em qualquer outro lugar do mundo. Existem pessoas abençoadas, pessoas que tem formas de prece. Formas tão diferenciadas que se pode distinguir somente pelo olhar. Ou pelo sentir.
Existem pessoas que vieram até aqui com o único objetivo de fazer o bem. E arrisco dizer que o bem sem saber é mais proveitoso, mais delicado, mais simples, eu diria. Não é preciso esforço algum, apenas estar presente.
Tenho um amigo que provoca um bem maravilhoso sem dizer uma palavra. E se for realmente essa a sua missão na Terra, de mim, ele jamais saberá.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Chorar com o coração




Chora-se com o coração quando a dor é forte, quando a alma pede, quando a tristeza se acomoda. Chora-se com o coração não por dores físicas, mas dores da alma. Dores que não vão embora com remédios, que ficam ali, atrapalhando o nosso sono, e se fazem dores. Chora com o coração quem tem medo de amar. Medo de sofrer com o amor. E medo de ser feliz pra sempre também.
Chora-se com o coração quando os olhos já estão cansados, quando as lágrimas não encontram outro caminho. Chora-se por sonhos não realizados, por ansiedade, por derrotas que não deveriam ser nossas. O choro do coração é definitivamente diferente do choro dos olhos. Os olhos jamais seriam capazes de demonstrar tamanha sinceridade e desespero. A sinceridade da alma e o desespero do corpo. Chora-se com o coração quando não é preciso dizer mais nada, só chorar...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011


Essa antiga história de não falar se faz presente em nossas vidas há bons e longos anos. Ela chega devagar, sem fazer barulho, e de repente, já estamos rendidos. A vontade sem a coragem. O desejo junto do medo. A nostalgia lado a lado com a indiferença. Por vezes acreditamos fielmente que ser indeferente é o melhor a se fazer. Afinal, quem gosta de ter alguém que diz o tempo todo o que sente e o que quer da vida?
Eu gosto. Gosto sim. Gosto de quem possui essa incrível capacidade de demonstrações. Tanto do medo quanto do amor. Sabe lá quanto vale um sorriso inesperado, uma palavra doce junto de um carinho bondoso, sabe lá... Perdemos grandes chances o tempo inteiro pela teimosa mania de viver a espera de. Deixamos todas elas irem embora pelo simples fato de que não queremos nos render aos sentimentos. Às vontades. Às palavras. Às dores. E até mesmo aos segredos mais profundos.
Acredito que viemos até aqui com o único objetivo de dividir. Dividir solidão. Dividir afeto. Dividir respeito. E todo tempo parece pequeno demais quando finalmente descobrimos isso. Quando finalmente percebemos quantas chances nos escaparam por entre os dedos. Quanta sorte jogamos fora. Quanta saudade deixamos guardada pra nada. Pra nada...