terça-feira, 12 de outubro de 2010

Dia das Crianças

Embora eu não tenha lá meus trinta anos de vivência, é inevitável que o dia de hoje se torne saudoso, em todos os sentidos. O dia das crianças traz uma alegria e uma simplicidade inquestionáveis, como se todos nós quiséssemos voltar a ser pequenas criaturinhas saltitantes com uma vida sem preocupações ou aborrecimentos. E essa vontade não está relacionada apenas aos mimos e presentes ganhos, mas também à idéia de poder deixar de lado determinadas responsabilidades.
Tornar-se responsável por suas próprias escolhas é uma tarefa árdua e diária. Nos acostumamos a ter sempre alguém ao nosso lado, dando palpites a todo instante e em qualquer situação. Nos primeiros anos de vida nossas mães escolhem basicamente o que somos, o que iremos vestir, comer, a que horas iremos sair, com quem iremos nos divertir, dentre tantas outras situações que me fogem a memória. Algum tempo depois nos tornamos responsáveis por decidir pequenos detalhes, como por exemplo, a vestimenta, a comida, e o falar. O falar de uma criança é, de fato, incontrolável pelas mães, e isso as deixa profundamente irritadas. E ainda que possamos escolher nossas roupas, o que é uma grande vitória para as crianças, nossos pais insistem em "dar pitaco" em todo o resto que achamos que podemos decidir, e, a partir dai, ficamos indignados com a idéia de que nossos criadores não confiam em nós e em toda a nossa responsabilidade aos oito anos de idade.
Passado a época de quase nenhuma preocupação, chega a tão esperada e temida adolescência. O ápice da loucura, do desenvolvimento, da euforia. Acreditamos e colocamos as mãos no fogo pelos nossos ideais – sem ouvir opiniões alheias -, que julgamos como fatos consumados. E a partir disso, nossos pais passam a não saber de mais nada. Não sabem o que é uma roupa “na moda”, uma comida gostosa, um cabelo legal. Eles não sabem... Nós que sabemos!
Os anos se passam, as velinhas se apagam, as responsabilidades crescem numa velocidade assustadora. E então percebemos o quanto era bom poder não escolher o que vestir, o que fazer, o que comer, mas aí já é tarde. A responsabilidade do amanhã ainda se encontra intacta: acordaremos, iremos estudar, trabalhar, crescer e nos tornar alguém que um dia poderá tomar decisões por uma outra criaturinha que precisará de nós. Feliz dia das crianças!