segunda-feira, 27 de junho de 2011

Então,

É arriscado demais ter que desmoronar o próprio coração para reconstruir o de alguém. Não é?

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O fim do

encantamento tornou-se real, natural, simples, sem dor. Sem dor? Como se duas vidas entrelaçadas pudessem desatar os nós sem causar tormento.

Boa noite.

domingo, 5 de junho de 2011

Abre aspas

Não é medição de dor. Não é nem dor, se quer saber. É um bem querer desgovernado, só isso.

Fecha aspas

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Lapsos

Ando tendo lapsos que, de tão constantes, merecem ser divulgados. Não só como forma de desabafo, mas também como inovação. Já dizia Martha Medeiros: "A vida é inventiva". De nada adianta viver de rotina. Então mudaremos, por hoje sem crônicas, sem desamores, sem exageros. Teremos uma uma história real, uma história minha, e que medo isso me traz.

Deixe-me explicar.

De uns tempos pra cá tenho tido grande dificuldade de concentração - o que não é nada sobrenatural, todos nós passamos por isso, eu espero -, o que também explica grande parte da minha distração e silêncio. Aliás, acho que trago essa dificuldade na mala há bons e longos anos, interpretem como quiser. Alguns amigos e familiares sugerem um tipo de "lerdeza" (santa paciência!), eu sugiro o desapego. Porém, dia após dia, fui apresenta a diversas situações completamente embaraçosas que, além de me tirarem o fôlego, me fizeram perceber que não satisfeita com a falta de concentração, tenho tido falta de memória. Sem piadas, pessoal. Isso é sério.

Então vamos às exemplificações.

Segunda-feira, 31 de maio de 2011. Lá estava eu, morrendo de sono, deitada numa poltrona de um ônibus rumo ao Rio de Janeiro. Nada de anormal, rotineiro que só. Até que sinto falta da chave do apartamento onde moro. Meu Deus! Como pude esquecer o que é mais importante? Entrei em desespero. Não só por pensar que estava sem a chave, mas por pensar que estava sem o celular - dessa vez, sim, síndrome da lerdeza crônica -, e que não poderia me comunicar com ninguém até a partida do ônibus. "O que fazer?", pensei. Após alguns minutos de silêncio, resolvi pedir o celular da moça que sentava na minha frente. Ah, como não havia pensado nisso antes? Uma moça tão boazinha, tão gentil, jamais me negaria uma chamada a cobrar feita pelo seu celular.

Então vamos lá, deixando a vergonha de lado. Pedi. Ela emprestou. Fiz a ligação e uns minutinhos depois meu pai estava lá, meu herói, trazendo a chave do apartamento na mão. Merecia um beijo bem estalado como despedida e agradecimento, o fiz. Então voltei para o ônibus. Sentei, mais uma vez, na minha poltrona confortável, e quando já me preparava pra dormir, me veio o pensamento: "Eu devolvi o celular pra moça da frente?"

Não devolvi. Guardei dentro da mochila, sem perceber. Não guardei. Ah, coloquei no bolso da calça. Não coloquei. Então caiu no chão. Não caiu. Pensei: "Sou uma ladra!". Mas uma ladra por distração, diga-se de passagem. Passei as duas horas de viagem me martirizando e pensando em como poderia me desculpar e recompensar a moça pelo dano. Nem dinheiro eu tinha, meu Deus, nem dinheiro. O que aquela mulher poderia exigir de mim? Me levaria presa, de fato. Sairia nas manchetes dos jornais: "Garota de 18 anos é presa por roubar o celular de uma pobre moça dentro do ônibus!". Ou então: "Garota de 18 anos é jogada pela janela do ônibus por uma senhora de 35. Motivo: o roubo de um celular!". Ela era boazinha, tenho certeza disso. Mas não me perdoaria porque tenho um belo sorriso. "Cara de pau essa garota, hein?", todos pensariam. Eu também pensaria, caso não fosse distração. E foi.

Não consegui dizer uma palavra àquela senhora durante toda a viagem, quis inúmeras vezes segurá-la e dizer: "Moça, me diz, pelo amor de Deus, que eu devolvi o celular pra senhora?". Não disse, não tive coragem, não queria adotar esse novo fardo pra minha vida: ladra. Ladra de celulares. Ladra de celulares de moças boazinhas e gentis. No que pude me transformar? Passados os mais longos cento e vinte minutos da minha vida, vejo a delicada moça puxando o celular da bolsa para verificar a hora. Nunca fiquei tão feliz por ver um aparelho daquele na minha frente, ainda mais o dela, que eu não havia roubado, havia apenas esquecido que entreguei. Minha vontade era puxá-la e dizer: "Nunca mais empreste o seu celular pra gente com falta de memória, ouviu? Nunca mais."
Será que eu disse pelo menos "obrigada"? Acho que não.

Então, o texto de hoje é dedicado não só à minha falta de memória, que quase me fez passar mal numa manhã de segunda-feira, mas também à gentil moça que nos tempos de hoje ainda confia o celular nas mãos de uma estranha.
OBRIGADA!